Oz qualifica extremistas judeus de "hebreus neonazis"
"Preço a pagar" e "Jovens das colinas" são os termos utilizados para descrever os ataques de radicais judeus contra palestinianos e árabes israelitas. Amos Oz, que falava durante um evento em Telavive para assinalar o seu 75º. Aniversário, classificou tais expressões como eufemismo, como "expressões suaves para um monstro que deve ser chamado pelo seu nome: grupos de hebreus neonazis".
Oz, que intregra o campo da paz em Israel, foi ainda mais longe. Em sua opinião, e como avançou o diário Haaretz, a única diferença entre os grupos neonazis no mundo e os autores dos crimes de ódio em Israel é que "os nossos grupos neonazis gozam do apoio de numerosos nacionalistas ou mesmo de deputados racistas, assim como de rabinos que, em minha opinião, lhes dão uma justificação pseudo-religiosa".
Na sexta-feira de manhã, grafitis anti-cristãos foram descobertos numa parede da igreja de São Jorge, em Jerusalém, perto de um bairro ultra-ortodoxo. A frase afirmava que "O preço a pagar, o rei David para os judeus, Jesus é lixo".
A inscrição "Morte aos Árabes" foi pintada numa casa da Cidade Velha, em Jerusalém Oriental e suásticas foram também desenhadas nas paredes de um apartamento em Jerusalém Ocidental.
Sob a expressão "preço a pagar", colonos e ativistas de extrema direita israelita - afinal, os mesmos grupos de onde saiu o judeu que assassinou, em novembro de 1995, o então primeiro-ministro Yitzhak Rabin - intensificaram nos últimos meses os atos de agressão contra palestinianos, árabes israelitas e até mesmo contra o exército israelita. Os locais de culto muçulmanos e cristãos têm sido visados quase diariamente.
As afirmações de Amos Oz desagradaram ao ex-presidente do Knesset (Parlamento israelita), Reuven Rivlin. Para Rivlin, a comparação feita por Oz foi exagerada. A verdade, porém, é que a situação está a preocupar a polícia israelita e os serviços secretos internos (Shin Bet) que temem que os extremistas aproveitem a visita do Papa para perpetrar um significativo crime de ódio que chame a atenção dos media.